Século XX
Quando Ademir Araújo recebeu a Medalha do Mérito Cidade do Recife, colocou no seu currículo de serviços prestados á cultura o de ex- vendedor de revistas e máscaras na feira do Arruda. Estranharam. Alguém pediu que retirasse aquele detalhe desnecessário, mas preferiu conservá-lo. Fez questão do registro por julgá-lo muito importante, o primeiro elo do garoto Ademir, ainda adolescente, com o povo e, especialmente, com o carnaval, do qual se tornaria, mais tarde e até agora, um dos seus mais criativos, brilhantes e apaixonados arautos, na condição de compositor, arranjador e regente de orquestra de frevo.
Valdi Coutinho
Nascido no dia 12 de outubro de 1942, no Derby, Ademir Araújo – filho de Hemetério de Araújo e Maria Souza Araújo pensava que tinha vocação para pintura, tanto assim que fez o curso de artes plásticas e desenho na Escola Industrial, e ainda chegou a criar alguns quadros á óleo, graças aos ensinamentos do prof. Abelardo Paz Barreto.
Em 1956, Quando tinha 14 anos, e participando de um desfile de Sete de Setembro, quando marchava pela Av. Norte, ao som da banda de sua escola, sentiu um irresistível fascínio pelos acordes musicais. Decidiu estudar música com o prof. José Gonçalves de Lima. “Fui um músico muito mais por força de vontade, tanto assim que o maestro Edson Carlos Rodrigues bateu muito comigo as partituras a fim de que aprendesse as lições”, relembra o maestro Ademir Araújo.
Aos 15 anos, terminando o curso, Ademir fez concurso para a Banda da Prefeitura da Cidade do Recife e, no dia 7 de outubro de 1958, iniciava carreira profissional, tocando TROMPA (1958-1964), depois SAXOFONE.
Aos 19 anos compôs o Frevo “No ano 2000” que foi inscrito no Concurso de Frevo na capital pernambucana, onde coube ao Compositor e Musicólogo Valdemar de Oliveira, que participou da comissão julgadora, o seguinte comentário:
“Há, em No Ano 2000, achados preciosos. O autor se coloca no ângulo de onde ninguém ainda observou o nosso frevo de rua. Deu-lhe roupagem nova, alçou-o a um nível ainda não atingido… (1964)”.
Desde então o Maestro Ademir Araújo deu inicio a pesquisa sobre aspectos de nosso povo, cultura e arte. Tornando-se um artífice em expressar musicalmente sua compreensão, adquirida, sobre nós mesmos (pernambucanos).